No período de 02 a 04 de Maio de 2017 aconteceu o III Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde – Estado e Democracia: o SUS como direito social, promovido pela ABRASCO, em Natal – RN, onde os mestrandos Alisson Lima e Roseane Tavares, do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia (PPGSAS/UFPA) participaram com a apresentação de dois trabalhos.
No dia primeiro, ocorreram as atividades pré-congresso, que foram realizadas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os mestrandos puderam participar da oficina “Metodologias de Avaliação de Impacto do Programa Mais Médicos”, com os integrantes do comitê coordenador da Rede de Pesquisa APS (Figura 1). Nos dias seguintes, no Centro de Convenções de Natal, houve várias mesas redondas, além das apresentações de pôsteres, com rodas de conversa e Comunicações Coordenadas, de acordo com eixos temáticos (programação disponível em www.politicadesaude2017.com.br) . Os trabalhos apresentados foram: “Perspectiva dos Gestores Municipais sobre o Programa Mais Médicos no Estado do Pará”, de Alisson Lima, Roseane Tavares e Hilton P. Silva (Figura 2) e “Formação e Experiência profissional dos Médicos Intercambistas do Programa Mais Médicos no Pará”, de Roseane Tavares e Hilton P. Silva (Figura 3), que mostram aspectos relevantes da realidade do Programa no estado do Pará (vide resumos em seguida).
O Congresso pode agregar novos conhecimentos sobre o tema das pesquisas, pois com a participação na oficina, além da participação da mesa redonda “O Programa Mais Médicos e a redução da iniquidade no acesso na APS” (Figura 4), realizada por vários pesquisadores renomados da área, muitas novidades foram expostas aos mestrandos, o que irá contribuir em suas dissertações e futuras publicações.
PERSPECTIVA DOS GESTORES MUNICIPAIS SOBRE O PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO ESTADO DO PARÁ
Lima, A.B.L., Tavares, R.B., Silva, H.P.
a.brunolima@hotmail.com
Introdução: O Programa Mais Médicos (PMM) instituído em 2013, visando reduzir iniquidades no acesso a serviços de saúde e melhorar a distribuição geográfica de médicos. Com a baixa adesão inicial de médicos brasileiros, as vagas foram disponibilizadas a médicos estrangeiros, especialmente cubanos, através de acordo de cooperação com a OPAS, havendo, ainda, poucas avaliações publicadas sobre a eficácia do PMM. Objetivo: Analisar a percepção dos gestores em relação aos médicos intercambistas cubanos. Metodologia: Pesquisa qualitativa analisando 16 entrevistas realizadas com gestores de saúde de oito municípios do Estado do Pará. Os dados fazem parte de uma pesquisa interinstitucional nacional de análise do PMM. As entrevistas foram feitas no período de janeiro à março de 2015, através de roteiro semi-estruturado, contendo 15 perguntas sobre o PMM no município. Para este trabalho foram analisadas as respostas a três perguntas: Quais as principais contribuições que o PMM está dando para a saúde do município? Qual a sua avaliação sobre o atendimento que esses médicos estão oferecendo? Se dependesse de você, você renovaria a adesão do município ao PMM? Resultados: Segundo os gestores, dentre as principais contribuições do PMM, encontram-se: a realização das visitas domiciliares regulares, a permanência dos médicos no município e a percepção de maior humanização nos atendimentos. Em relação aos atendimentos pelos médicos intercambistas as avaliações são, em geral, positivas. Dos 16 entrevistados, 87,5% avaliaram como bom, ótimo ou excelente o atendimento prestado aos pacientes; sendo a principal dificuldade relatada a pouca familiaridade de alguns médicos com o Português. Quando perguntados se renovariam os contratos, 87,5% indicaram que “Sim”, demonstrando a vontade de continuidade do PMM. Conclusão: Os gestores paraenses entrevistados estão satisfeitos com a presença do Programa e a atuação dos médicos, e consideram que os intercambistas têm contribuído significativamente para a melhoria da Atenção Básica nos seus municípios.
FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DOS MÉDICOS INTERCAMBISTAS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS NO PARÁ
Tavares, R.B., Silva, H.P.
roseanebtavares@yahoo.com.br
O Programa Mais Médicos foi criado em 2013 e um de seus objetivos é a contratação emergencial de profissionais. Através de um acordo com a OPAS, muitos médicos cubanos preencheram as vagas que não foram ocupados por brasileiros. Houve, porém, uma grande mobilização contra o Programa por parte dos movimentos médicos, os quais criticaram a formação dos profissionais estrangeiros, considerando-a como insuficiente. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a formação/experiência desses profissionais, através da investigação de suas origens e educação acadêmica, se possuem pós-graduação e experiências profissionais em Cuba e em outros países. A pesquisa foi realizada a partir dos dados coletados no Projeto Multicêntrico “Avaliação da implementação do Projeto Mais Médicos para o Brasil” (Subprojeto: “Análise da efetividade da iniciativa Mais Médicos na realização do direito universal à saúde e na
consolidação das Redes de Serviços de Saúde”), Coordenado pela Universidade de Brasília. A equipe do Pará visitou oito municípios do Estado. Em cada município foram entrevistados dois médicos do Programa, totalizando 16 profissionais. As entrevistas foram transcritas e seu conteúdo analisado com a ajuda do software Atlas.TI. Os resultados preliminares mostram que: 75% dos intercambistas são do sexo feminino, a média da faixa etária é 44 anos, 50% deles se declararam “brancos” e o ano de formação, em faculdades com cursos médicos de seis anos, variou entre 1982 e 2005. Praticamente todos os médicos entrevistados possuem pós-graduação (incluindo especializações e mestrados), com apenas uma exceção. Os profissionais demonstraram estar habituados a participar de cooperações internacionais, tendo estado em outros programas e missões, como por exemplo, a “Missión Barrio Adentro”, na Venezuela. Além disso, indicaram ter ampla experiência em Cuba, especialmente na área da saúde da família. Nas entrevistas demonstraram, também, que uma de suas motivações é a dedicação à causa da saúde pública. Podemos concluir que os médicos cubanos possuem formação acadêmica suficiente para atuar no Brasil, ainda que não tenham feito o Revalida. Além disso, suas experiências anteriores e seu histórico de participação em missões e programas apontam apontam que eles tem os requisitos necessários para atuar no processo de prevenção, promoção e assistência na atenção básica.
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